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Suporte básico de vida é menosprezado


O suporte básico de vida é menosprezado pelos cidadãos porque têm medo de não saber reagir, acabando, muitas vezes, por nem ajuda conseguir pedir, avançou hoje à Lusa a gestora do projeto "Salvar Vidas", Anabela Moreira.
A responsável adiantou, em Chaves, que 60 a 80 por cento das paragens cardíacas ocorrem em casa, fora do ambiente hospitalar, pelo que é "extremamente" importante que as pessoas estejam atentas e preparadas para atuar numa situação de emergência.
O projeto "Salvar Vidas" é da responsabilidade do Conselho Português de Ressuscitação (CPR), que tem por objetivo levar à sociedade civil, através da realização de uma exposição itinerante pelo país, o conhecimento e as boas práticas sobre reanimação.
A iniciativa integra cerca de 500 profissionais de saúde, em regime de voluntariado.
Anabela Moreira frisou que é importante promover, em Portugal, a cultura de suporte básico de vida, porque este está menosprezado e deve ser um dever de cidadania.
"Qualquer pessoa, desde que tenha uma formação básica, pode fazer manobras de reanimação, funcionar como elo da cadeia de sobrevivência e salvar vidas", explicou, exemplificando com uma criança muito pequena, que não pode fazer manobras de reanimação, mas pode pedir ajuda.
O suporte básico de vida engloba a chamada para o 112, a avalização do estado de consciência da vítima, a realização de 30 compressões torácicas e duas ventilações.
As pessoas, na opinião da gestora do projeto, têm a ideia generalizada que o socorro deve ser prestado apenas pela classe médica e paramédica, mas é uma ideia "errada".
Anabela Moreira salientou ainda que os maiores receios dos cidadãos é verem uma pessoa inanimada porque não sabem como reagir e ficam, de tal modo em pânico, que nem conseguem ligar para o 112.
Por isso, disse, o que se pretende é descomprimir as pessoas para que saibam agir em situações de emergência.
Um dos voluntários do projeto, técnico de ambulância de emergência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Paulo Gonçalves, insistiu que "qualquer" pessoa está habilitada, pelo dever cívico, a fazer suporte básico de vida desde que tenha noções "muito simples".
O gesto de salvar vidas, referiu, começa no pedido de ajuda, ou seja, na chamada para o número de emergência médica 112.
A maior dificuldade é tocar na vítima, pelo que "a ideia do projeto é que as pessoas percebam que a responsabilidade de salvar vidas não é só dos médicos, enfermeiros ou técnicos de ambulância, mas sim de todos", afirmou.
O projeto "Salvar Vidas" vai continuar a percorrer o país até ao final do mês de novembro, altura em que estima ter formado cinco mil novos reanimadores.